Mudei

15 de mai. de 2017

Mudei a cama de lugar e decidi mudar as fotos grudadas na parede. Foi aí que eu percebi como eu mudei.
Meu cabelo não é mais até a cintura. E aquela que vi não sou mais eu.
Mudei de música preferida e Celestial não é mais meu disco favorito, ainda que eu ame muito.
Mudei e não acho mais a Tati Bernardi tão foda assim, prefiro uma conhecida que de vez em quando publica seus textos em um blog amador.
Timidez? Quase nem sei mais o que é. Nem ligo tanto em falar em público, atendo o telefone e às vezes até posto uns vídeos cantando.
Mudei e aprendi a curtir minha própria companhia, só no último mês eu almocei umas sete vezes sozinha.
Mudei e aprendi a gostar de café. Aprendi de verdade, quer ver? - Sem açúcar, por favor.
Aposentei a vodka e eu, que sempre detestei cerveja, espero ansiosamente pela sexta-feira para tomar uma.
Cansei de balada, de vez em quando até vou, mas eu gosto mesmo é de reunir os amigos e beber num bar ou em casa.
Falando em amigos, mudei algumas amizades.
Mudei, acima de tudo, as minhas prioridades.
A mudança foi tanta que eu mudei a minha forma de pensar e ver o mundo. O mundo é visto com outros olhos pelos mesmos olhos de sempre.
Mudei minha forma de sentir e, principalmente, minha forma de demonstrar. Decidi falar.
Mudei coisas complexas e coisas banais. Por exemplo, parei de achar a Summer tão sem coração e entendi que às vezes não é para ser. Com isso, aprendi a aproveitar mais algumas coisas - pode ser que durem menos que 500 dias.
Passei a ir atrás das coisas e pessoas que eu queria.
Percebi que algumas coisas valem o risco - ou o riso.
Meus horários mudaram e mudaram tanto que eu, que sempre tive tempo de sobra, não tenho mais tempo para nada.
Mudei a forma de olhar, sentir e viver o tempo. Virei amiga dele.
Cresci, amadureci. 
Amadureci alguns sonhos e ideias - e alguns sonhos verdes nasceram.
Mudei o que quero para o futuro e antes mesmo de terminar essa frase mudei de ideia.
Mudei minha escrita, minha leitura e comecei a fazer da minha vida uma releitura de uma palavra-poema do Leminski. PERHAPPINESS, entendeu? Perhaps (talvez) + Happiness (felicidade). A gente nunca sabe.
Posso ser ainda mais repetitiva? Eu mudei.
 Mudei, mas sem deixar de ser quem eu sou.
Mudei muito e imagina só que pena, olhar uma foto antiga e ver uma mudança pequena.

Sentir é estar vivo

16 de fev. de 2017

Por muito tempo me culpei por sentir. Repetia milhares de vezes que eu era a grande responsável por chegar no ponto que cheguei. Me condenava por ter perdido o controle de tudo e tinha plena consciência de que eu era a culpada por todos os fantasmas que me acompanhavam.
Passei a ter minha mente como a minha maior inimiga e me torturava por ter alimentado um sentimento que eu preferia não sentir. Por muito tempo repeti “não quero sentir isso” em frente ao espelho pra ver se realmente parava de sentir. Não parei. Era difícil assumir a culpa, bater no peito e dizer “eu que causei tudo isso, mesmo sem querer causar”. Era difícil assumir que as coisas saíram do controle e esse peso que carregava fazia minhas costas doerem.
Até que um dia eu percebi que a gente não tem que se culpar por sentir. Sentir é bonito. Sentir é a prova de que estamos vivos e, mais: sentir é a prova que estamos vivendo. Não é todo mundo que tem essa coragem toda de viver. E viver é isso: se permitir sentir. Sentir é a vida se manifestando todos os dias dentro de nós e deixar que ela sair por todos os poros. Porque a gente pode até dominar o que falamos, fazemos, demonstramos, mas o que sentimos… O que sentimos está fora de nosso controle. O que sentimos escorre pelas nossas mãos e foge de qualquer domínio que tivermos.
Nós não decidimos o que vai fazer todos os clichês terem sentido. Não escolhemos o que, ou quem, vai tirar a gente da zona de conforto - ou nos colocar nela. Não estabelecemos o que vamos sentir e vai ser contra tudo o que sempre dissemos. Não determinamos o que vai ser responsável pela nossa paz, muito menos definimos quem vai tirar ela. Somos reféns do que sentimos e não adianta nem tentar pedir resgate, o que sentimos é quem aperta o gatilho e quem entra na frente para nos salvar.
 Então não me culpo mais por sentir, sentir é algo muito maior do que a culpa tenta me tirar a paz. Agora toda vez que me culpo por sentir, paro, fecho os olhos e sinto... Porque sentir é ver a vida se manifestando em mim todos os dias.

Pra próxima vida

24 de nov. de 2016

Pra próxima vida, guardei o amor mais bonito que se pode imaginar. Aquele amor que a gente sente no olhar, no beijo, no toque, na respiração. Amor que faz o coração parar e acelerar na mesma intensidade e que segue todos os clichês decorados por quem escreve sobre amor. Clichê de filme americano, francês, espanhol, escocês. Pra próxima vida aprendo, em todas as línguas, dizer que eu amo você.

Guardei, também, pra próxima vida, todas as declarações que ficaram goela abaixo. Guardei as serenatas, as poesias, as palavras esdrúxulas, os sentimentos esdrúxulos, as cartas de amor ridículas. Guardei todas as provas e demonstrações de amor possíveis e imagináveis, tudo pra próxima vida.

Deixei pra próxima vida o "quero", o "vamos", o "sim" e o "somos". Deixei pra próxima vida o que não deu pra dizer e fazer nessa. Não foi falta de vontade, é que, nessa vida, não era pra ser.

Pra próxima vida ficaram os planos, os sonhos, as viagens, chave de casa, três filhos e dois cachorros. Deixei pra próxima vida tudo aquilo que sonhamos nessa, juntos e sozinhos.

Ficou pra próxima vida a vontade de fazer acontecer, o desejo de estar perto a todo momento, a coragem de assumir, a maturidade que não tivemos e tudo o que podíamos ter sido nessa vida - mas que, cê sabe bem, não deu pra ser.

Se nessa vida aqui eu te conheci foi só pra dizer que na próxima a gente se esbarra, se cruza, se encontra e faz dar certo.

O que der na telha

15 de ago. de 2016

Já que pra você é tão difícil, só por hoje, se permita! 
Acorde, se olhe no espelho e saia de casa decidida a ser quem você é!
Use aquele vestido que está guardado no armário e você nunca conseguiu usar por vergonha! 
Arrisque, pegue um caminho diferente daquele que você está acostumada!
Fale com pessoas novas, conheças histórias novas!
Pegue o telefone, esmague o orgulho que existe dentro de você e mande aquela mensagem que está guardada no seu bloco de notas faz tempo!
Escute sua música preferida no último volume e cante como se o motorista ao lado não estivesse te ouvindo! 
Sorria, pra estranhos, pra você, pra vida!
Não poupe elogios, eles fazem bem pra quem recebe e pra quem faz!
Faça o que sentir vontade, assim, o que der na telha, sem pensar! 
Seja você, pelo menos uma vez na vida, e eu te prometo que depois não vai conseguir deixar de ser!
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