Nós só temos medo de errar

17 de ago. de 2015


Nós só temos medo de errar.
Poupamos declarações, demonstrações são proibidas, mensagens no dia seguinte são inimagináveis. Ligações? De jeito nenhum. Mãos dadas são evitadas, troca de olhares não devem durar mais que 5 segundos, sorrisos quando se tornam um só são assustadores. Não é permitido ter lembranças e quando a saudade sufocar nós que usemos o orgulho como bombinha de ar.

Nós só temos medo de errar.
Nossos beijos se encaixam e quando terminam nós não podemos agir como se o outro tivesse tirado nosso ar. Respiração ofegante, olhos brilhantes, coração acelerado? Me poupe. Combinar de ir ao cinema assistir um romance não pegaria bem, cada um pro seu canto parece a melhor opção. Passou o fim de semana e você ainda não me ligou. Ah, verdade, não existem expectativas e nós cortamos todas elas pela raiz não fazendo planos. Melhor não deitarmos na grama enquanto olhamos as estrelas! Tá bom, vamos deitar, mas é melhor nem conversarmos e deixarmos o silêncio falar por nós. Vai que nós falamos algo que não devemos.

Nós só temos medo de errar.
Desejo por desejo. Nos satisfazemos e não precisamos criar um vínculo emocional, certo? Certo. Qualquer envolvimento deve ser descartado e nós descartamos, assim não tem erro. Ciúmes não deve existir no nosso vocabulário, tampouco cobranças. Não, eu não quero saber onde você foi, com quem foi e que horas voltou. Não deve te interessar o porquê sumi durante esses últimos dias.

Nós só temos medo de errar.
É melhor nos afastarmos. Quando nos vemos, beijo no rosto e "quanto tempo". O que era pleno verão se torna um rigoroso inverno. Troco meu biquíni por um sobre-tudo para poder aguentar a frieza que tudo se tornou. Entre um gole e outro a primavera e o outono vêm para nos deixar em cima do muro: quando estamos prestes a tirar os casacos um vento sopra nos fazendo lembrar que nós temos medo de errar. E nos afastarmos mais uma vez para evitar erros.

Nós só tínhamos medo de errar.
16 semanas depois encontro uma foto sua guardada em minhas coisas e sorrio.
5 meses depois você me vê atravessando a rua sem que eu te veja e sente saudades.
Eu gostava de você e você gostava de mim, mas sabíamos que se um dia admitíssemos isso poderíamos estar errando.
O que não sabíamos é que ao poupar nossos erros nós erramos.

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